terça-feira, 9 de março de 2010

O livro de areia, Jorge Luis Borges.


Não a humanidade não joga o livro de areia por medo de ser ignorada ou por não obter respostas. Jogamos o livro de areia porque Deus é presente em nós, porque salva todos os dias as nossas vidas.

" Um dia frio, um bom lugar pra ver um filme"

20 de julho, 1990. O inverno é sempre rigoroso na cidade de Garanhuns. Fazia muito frio.
“Cirano, olha a hora!” (gritava sua mãe).
Cirano acordava cedo com a zoada do radio que era sintonizado na difusora, sua mãe da cozinha chamava seu nome, enquanto ao pé do fogão passava o café. Cirano levantava e, sem abandonar o lençol cobria as costas como uma espécie de capa para ir ao banheiro protegido do frio. Após ia ao colégio onde passava aquela parte do dia.
Ao meio dia, era a melhor hora, à hora da saída.
Cirano ao voltar para casa sentia cheiro de comida lançado das casas a rua, o que lhe apressava o passo.
Sentado a mesa gritava.
“Mãe... Mãe... Meu almoço!”
A casa de Cirano era bem simples, na cozinha tinha um fogão azul de quatro bocas, ao lado uma jarra de barro com um pano de prato que lhe tampava a boca e um copo de zinco emborcado em cima. Na parede um cordão dividindo dois pregos que servia para segurar tampa de panela e, uma mesa quadrada de madeira já corroída de cupim.
Depois do almoço era hora de ir a sala assistir, assistir e cochilar ao mesmo tempo.
Era uma sala pequena, A parede com tinta já desgastada mostrava rachaduras e vestígios de outras cores, tinha um velho sofá coberto com pano de saco cheio de tiras coloridas e uma pequena estante de rodinhas emperradas que segurava a TV.
Cirano tinha esse habito, ficava ali até depois da sessão da tarde, já sabia um dia antes o filme que passaria no outro, estava ansioso, pois passaria naquela tarde o seu preferido “conta comigo”. O filme conta a historia de um escritor, que se rocorda do verão de 1959, quando tinha doze, quase treze anos e vivia numa pequena cidade do Oregon, quando ele e mais três amigos saem em busca do corpo de um adolescente que estava desaparecido na mata há mais de três dias. O que eles não imaginavam é que esta viagem se transformaria em uma jornada de auto-descoberta, que os marcaria para sempre.
A zoada de pingos de chuva nas tenhas e o frio ajudava ao ambiente ficar mais preguiçoso, o caldo de sopa ainda não pronta aquecia o seu corpo. O dia acabava praticamente depois dessas atividades, pois à noite a temperatura era ainda mais baixa, as ruas de Garanhuns ficavam solitárias, a neblina cobria os postes e as luzes amarelas pareciam flutuar. As casas todas fechadas pareciam dormir.
Felipe Teixeira.