sexta-feira, 30 de julho de 2010

“Milu pegou é? Ou Milu se esconde?”


Eram bons os verões na década de 90. Tínhamos uma turma, eu amava Melanie, esse sentimento me levava todas as noites à pracinha das árvores onde brincávamos até escutarmos os gritos dos nossos pais. Eu preferia “Milu se esconde”, o Milu ficava com o rosto colado na brecha do poste fechando toda visão e fazia uma contagem de 1 a 25 em voz alta enquanto todos corriam para se esconder,ao termino ele saía a procurar. Quando achava tinha que ser rápido, avançava em direção ao poste para tocá-lo enquanto gritava o nome do achado.
Nos escondíamos sempre juntos (Eu e Melanie) eu simplesmente adorava cada detalhe de nossa fuga: o silêncio da noite junto do canto dos grilos, o medo de sermos vistos e, sem contar as risadas dos meninos que vinha de algum lugar próximo. Às vezes quando o Milu estava por perto eu arrastava um pouco o chinelo no chão de terra, Melanie logo arrumava um jeito de dizer baixinho com as duas mãos em meu ouvido “ele está ai” eu fechava os olhos e me deliciava, aquele soprinho me deixava em câmera lenta, era o melhor momento, uma sensação de carinho, tudo de propósito por ela e por mim, numa tentativa de sentir tudo outra vez me fazia de cego enquanto lhe abraçava, “aonde?”, “ali oh”, o cheiro de sua saliva era como estar beijando... (O Milu nos pegava no flagra).
Felipe Teixeira.

2 comentários:

  1. Felipe tu é o cara!
    Um dia ainda serás um grande escrito, e eu terei orgulho de dizer: "estudei com esse cara!
    Continua com tua arte, que na minha opinião, estas no caminho certo.
    Admiro teu talento.

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  2. quando terminei de ler o texto fiquei com nostalgia da época que brincava de "Milu pegou é"

    abraço.

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